Minha vida na Finlândia, Episódio 1: A chegada

Para quem não sabe, fui aceita pra estudar por um ano na Finlândia pelo programa Ciência Sem Fronteiras do governo brasileiro. Sendo assim, decidi vir pra Kotka, na região de Kymenlaakso, estudar Tecnologia da Energia, na Politécnica de Kymenlaakso (pros novos na minha bagunça, sou estudante de Engenharia Industrial Elétrica).

Meu amigão Eder, minha mãe, meu pai, eu e meu namorado lindo. Quem tirou a foto foi meu outro amigão, Gabriel

Pois eis que parti de Salvador, BA, Brasil no dia 25/08, pela Condor, como Premium (não é primeira classe, mas pagando uns 360 reais a mais você fica beeeeeem mais confortável), até Frankfurt (Alemanha). Foi tudo perfeito, mas na hora que a pressão começou a aumentar, pra aterrissar, meu vasinho que fica logo entre a narina direita e a sobrancelha direita resolveu a doer, como se fosse estourar....

Condor Boeing 767

Depois de muito sufoco, passou a dor, aterrissamos, e fui para a imigração. Chegando lá, me senti no Brasil: 4 policiais, um atendendo um casal de idosos, e três "coçando o saco", fingindo que não estavam me vendo. Resolvi perguntar ao único que estava trabalhando "Qual deles pode me atender?". Ele olhou para os três que ignoraram ele, e me respondeu "Eu não sei...". O que me veio à cabeça foi "Então chamam baianos de preguiçosos, brasileiros de preguiçosos, latino-americanos de preguiçosos, e é assim que os alemães nos recepcionam. Que maravilha!". Quanto ódio que me deu...
Enfim, o único que estava trabalhando me atendeu, e segui para esperar meu vôo da Lufthansa para Helsinki.

Lufthansa A-321

O vôo atrasou e ainda demoramos pra chegar no destino, por causa das condições dos ventos (muito turbulentos para a Europa Central...). Meu Expressbus pra Kotka (meu destino final) sairia 18:20h, e meu vôo estava, inicialmente, previsto pra chegar 17:30h em Helsinki, então pensei que seria tranqüilo.

Quem disse?

Cheguei em Helsinki 18h, e 18:15h a esteira de malas já tinha parado, e nada da minha segunda mala (com todas as minhas roupas, remédios, bolsas e sapatos)...
Fui correndo para o balcão da Lufthansa reclamar, e depois de todos os procedimentos necessários, "voei" para o ponto, onde pegaria o ônibus.

Assim que avistei o ponto, o ônibus passou...Corri feito a louca, mas não consegui alcançar, e ainda me embolei com as malas e tomei uma queda LINDA (estou bem, não me machuquei...só fiquei com uma dor muscular muito ruim...). Só faltei desatar a chorar, mas engoli o choro e fiquei mordendo os beiços...quando me apareceu uma vã de uma companhia que nunca ouvi falar, e o motorista me perguntou para onde eu estava indo "para Kotka! Mas eu perdi o meu ônibus!". Ele só falou "Ok, não tem problema, eu levo você até o ônibus!", pegou minhas malas, botou na vã e partimos.

Fiquei com um medo de ser algum transporte clandestino ou coisa assim, mas fui na cara e na coragem...
Depois de um tempo sentada, preocupada, arfando (da corrida) e dolorida, ouvi a conversa em inglês de duas meninas que estavam sentadas atrás: uma com sotaque alemão, e outra com um sotaque meio latino. Então me lembrei que o meu tutor tinha me informado que eu pegaria o Expressbus com mais duas meninas: uma alemã, Anne, e uma italiana, Vanna. Resolvi escutar melhor a conversa, e ouvi elas falarem sobre Kotka, então me intrometi: "Desculpe incomodar e ouvir a conversa de vocês, mas vocês estão indo pra Kotka?" responderam que sim, "E vão para estudar na Politécnica de Kymenlaakso?" novamente, responderam que sim. Decidi perguntar se a de sotaque latino era Vanna, a italiana, e ela disse que sim. Fiquei tão feliz e aliviada, que quase chorei...

Vanna, a italiana, eu e a alemã, Anne

Estou com uma mala sumida, cansada do vôo e com os músculos doendo da queda, mas cheguei feliz :)

Aqui é muito lindo! Estou no interior, ainda morando numa região afastada do centro da cidade de Kotka, mas adorando tudo! Conheci gente da Alemanha, Áustria, China, Estônia, França, Letônia, Polônia, República Tcheca, Rússia, e outros lugares, mas ainda não fiz amizade com ninguém daqui...espero que quando as aulas começarem eu consiga alguns amigos finlandeses!

Perto do meu alojamento

Quanto ao alojamento, é perfeito. Não consigo botar nenhum defeito sério. O único defeito da Finlândia é que o custo de vida é muito caro (a galera da Alemanha, França tá achando caro...imagine eu, que tive que comprar euros...)...então adivinhem como eu estou, tendo que comprar roupas emergenciais (por causa da mala sumida...)...estou pobretona...

Meu alojamento