9 de set. de 2013

Minha vida na Finlândia, Episódio 3: O desfecho da mala e a festa diplomática

Ótima notícia: a história da mala tem um final feliz!!
Sim, minha mala chegou, chegou inteira e completa, na Terça-feira passada (03/09/13).

Terça de manhã estava eu e meu colega indo para o ponto de ônibus, quando saio do alojamento e vejo o caminhão da entrega! Melhor ainda foi quando vi o que o cara da entrega estava puxando do caminhão: minha LINDA mala gigante azul-bebê!!!

A tal da mala
Fiz a mesma cara que uma criança normal faz, numa manhã de Natal, quando vê o seu presente debaixo da árvore. Pense numa pessoa feliz, multiplique por três e você vai ter eu, quando recebi minha mala.

Pela tarde, fomos à praia de Santalahti (alguma coisa tipo "baía de areia"...pelo menos "santa" é areia, e "lahti" é baía).
Gente...eu sou baiana de sangue e criação (moro há quase 20 anos na Bahia)...a praia daqui é feinha....a água do mar não é azul (é acinzentada, como qualquer outro lugar que seja longe da Linha do Equador...), não tem areia (são tipo pedregulhos, ou coisa assim), tem até capim crescendo na beira do mar...pra mim é estranho...
Outra coisa....ERA CHEIO DE COCÔ DE GAIVOTAS! Tudo bem, antes gaivotas que os insuportáveis dos pombos, mas se cheio de cocô de gaivotas....
E pra finalizar...dentro do mar é CHEIO de algas marinhas, se enroscando nas suas pernas...

Vamos a la playa: Santalahti
Mas foi muito divertido. Andei por uma trilha pequena que tinha perto da praia com minhas amigas Nadine (alemã) e Angelika (austríaca). Angelika achou até blueberries pela trilha!
Nunca pensei que um dia cataria blueberries no meio do mato!

Quanto às aulas, a primeira aula de todas foi de Caldeiras e Turbinas. Que desastre...o professor mal falava inglês, ele tinha traduzido todos os slides dele no Google Translate, e ainda descobrimos que uma outra matéria (Aquecimento de Distrito e Tecnologia de Vapor) seria dada em finlandês (porque só tem três estrangeiros, e uns 20 finlandeses na turma), e nós, os forasteiros, teríamos um curso intensivo em dezembro, com 4 dias de aula e OITO HORAS POR DIA....DA MESMA MATÉRIA....Ai, Jesus...

Saí da aula arrasada...pra piorar, a gente só tinha essa matéria (Caldeiras e Turbinas) nesse dia, e estávamos com medo do dia seguinte...

Porém, no dia seguinte, tivemos aula de Instrumentação e Eletrificação. Descobri que instrumentação em instrumentação estudaremos sobre fluxograma de processos e sobre a norma ISA. Acontece que eu trabalhava com norma ISA e fluxogramas, quando estagiava, como estudante de Eletrotécnica, na Refinaria Landulpho Alves - Mataripe (vulgo RLAM)). Então na primeira aula me dei super bem, pois eu lembrava da norma ISA pra muitas coisas, e se não lembrava eu pesquisava na internet (ninguém do meu grupo nem tinha ouvido falar na norma). Pra melhorar, o professor, apesar de não ter um inglês muito bom, se esforçou pra caramba pra gente compreender as coisas, foi super atencioso e conversou bastante com a gente (no caso, esse gostou da gente!), e, além do mais, o laboratório de instrumentação é perfeito! Com instrumentos antigos a novos (afinal, aqui eles sabem que na área se vê tanto do novo quanto do antigo), completo mesmo.
O único problema foi que eram dois professores, e rolou um "Apartheid" na aula: finlandeses com um professor, estrangeiros com outro. Mas deu pra relevar.

O almoço perfeito do refeitório universitário daqui. € 2,42 o almoço, com  leite/iogurte/cerveja não-alcoólica caseira/refresco e pão incluso.
Na segunda aula da Quarta-feira, tivemos aula de Tecnologia Ambiental. Aí sim a coisa ficou boa, pois não teve "Apartheid". A aula foi toda em inglês, e como a professora estava com a garganta inflamada, ela botou pra gente assistir o documentário do ex-vice presidente  dos Estados Unidos, Al Gore, que roda o mundo para falar sobre o aquecimento global: An Inconvenient Truth.
Resumindo, adorei o segundo dia.

Na Quinta-feira (05/09/13), eu e meu colega de Ciência Sem Fronteiras (CSF) fomos a Helsinki para o evento da CIMO (organização que junto com o CNPq, no Brasil, trouxe a gente pra cá), e depois para a festa de Independência do Brasil da embaixada brasileira.

Conhecemos pessoalmente alguns dos outros brasileiros do CSF, ouvimos as palavras de boas-vindas do embaixador do Brasil, sobre o trabalho da CIMO, pediram nosso feedback e tivemos um bate-papo com Maila, da embaixada brasileira, sobre as dúvidas que nós, brasileiros de primeira viagem na Finlândia, teríamos morando aqui (sobre cultura, moradia, o frio, a neve, a chuva, etc.). Foi muito esclarecedor e interessante.

Alguns dos brasileiros do Ciência Sem Fronteiras 
Depois do evento de boas-vindas da CIMO, fomos para a festa da Embaixada do Brasil. Gente, eu fiquei tão emocionada. Já tinha ido pra festas dos consulados honorários do Japão e da Áustria, mas nunca uma festa OFICIAL de uma Embaixada, chique e cheia das regalias.
Não sei se vocês sabem, mas além do custo de vida alto da Finlândia, as bebidas alcoólicas são bem caras, por causa dos impostos. Mas, diferente do Brasil, não é por mera descaração, mas sim para evitar o alcoolismo, num país onde a maior parte do tempo faz frio e não tem sol (aqui tem um alto índice de depressão, e a taxa de suicídio daqui é uma das mais altas do mundo, estando em 19º. O Japão tá em 10º e o Brasil em 72º). Por causa disso, as festas daqui da Finlândia raramente tem bebida alcoólica de graça, quiçá em uma festa tão grande quanto a da embaixada.
Outra coisa cara é carne. Ave Maria, carne bovina boazinha aqui é MUITO CARA! Se quiser comer carne, vá no LIDL (o super-mercado de origem alemã que é sem imposto), coma frango ou carne moída...porque, meu filho, carne em pedaço é coisa de barão, aqui.
Eis que não acreditamos, quando chegamos na festa e tinha churrasco (em porte "petisco", mas ainda assim. Você poderia comer o quanto quisesse!), Brahma, "caipirinha" (com aspas, porque era com vodka, não cachaça...não é caipiroska, pois não tinha açúcar), vinho tinto, vinho branco, Guaraná Antártica com vodka Finlandia, suco de maracujá natural, champanhe, e, pasmem, HAVAIANAS DE GRAÇA!
Tudo bem, era um par de Havaianas por pessoa, mas ainda assim. Havaianas aqui no exterior não é coisa barata. Peguei um par de Havaianas rosa choque, modelo slim, pois já tenho um par turquesa com estampa de Bambi, e sempre tive Havaianas de tons frios.
Não só Havaianas, mas também estavam distribuindo Jägermeister de graça!

Stand do Guaraná Antártica (o melhor do mundo. Quem é Kuat, do lado do Guaraná original?) 
A festa ainda contava com stands da Stora Enso, Lufthansa; com um mini-campo de futebol no centro, com um pássaro de pelúcia do jogo/aplicativo Angry Birds no gol; coxinha, risole, FAROFA (pra alegria dos nordestinos!), pão de queijo, frutas tropicais, bateria de escola de samba (com direito à ala das baianas, rainha da bateria, porta-bandeira, etc.), capoeira, axé music e um leve babinha (baba, pra quem não é do nordeste, é o que os cariocas chamam de "pelada". É um joguinho informal de futebol).
Ah, e a Lufthansa sorteou uma viagem ao Brasil...mas claro, eu não estava nem um pouco interessada...eu tenho que voltar ao Brasil compulsoriamente mesmo...

Angry Bird goleiro! 
Coxinha, churrasco, lingüiça, risole, pão de queijo e farofa.
A "escola de samba" Império do Papagaio
Ala das "baianas"...se no Rio e em São Paulo já não são baianas...aqui elas são pálidas, loiras e de olhos azuis...
Porta-bandeira
Capoeira finlandesa. Eles estavam meio durinhos no gingado, mas estão indo bem
Axé music finlandês! Cantaram até Tincoãs!
Depois de muita festa, fui para o albergue CheapSleep. Gostei muito do albergue, mas só tinha um ponto ruim...dormi na cama inferior de um beliche, e no colchão de cima tinha uma manchona velha de menstruação....gente, que nojo que senti...
Mas fora isso, eu gostei, e dormiria lá de novo.

Quanto à cidade de Helsinki, não fiz nenhum turismo, mas não gostei muito do que vi lá. Os motoristas de ônibus e bondinho elétrico são muito mal-humorados (os daqui de Kotka podem não falar inglês, mas são super atenciosos e felizes), e o que vi da cidade foi normal. Pra mim parecia só mais uma cidade grande européia.

Como esta postagem já tá descomunalmente grande, vou deixar pra contar sobre minha aventura cinematográfica finlandesa em uma outra postagem, ok?
Por enquanto é "só" isso.

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